A busca por uma vaga de analista de produto em Toronto – final

Sim, eu demorei pra escrever. Mas está realmente difícil conciliar o blog com o verão aqui no Canadá. A gente só quer saber de parque, praia (sim, praia), sol até as 21:00 e não quer nem ligar o computador quando sai do trabalho. Tem que aproveitar, afinal daqui a pouco o inverno está de volta né?

Enfim… Desculpas dadas, vamos a entrevista mais importante da minha carreira até agora. E digo isso porque eu tive uma oportunidade que não esperava, a de dar continuidade à minha carreira aqui em Toronto logo de cara. Continuar do ponto onde eu parei, numa grande empresa e com um ambiente incrível. Tudo isso o head hunter já tinha me contado, mas quando cheguei ao local da entrevista era mais do que pensei.

O ambiente era super descontraído (e lindo!) e a empatia com o gerente que ia me entrevistar foi instantânea. Pegamos o elevador conversando sobre temas leves (se foi difícil chegar, onde eu estava morando, o famoso small talk) e quando a entrevista de fato começou, o gelo já estava quebrado.

É importante, muito importante, estudar pra uma entrevista quando se quer muito a vaga. Eu revirei o site da empresa, busquei matérias no jornal sobre ela e a respeito das tecnologias que abordava, estudei MUITO sobre a área de atuação (que era totalmente nova pra mim) e tentei sempre traçar paralelos entre o que eu possivelmente faria e o que eu já tinha feito na minha carreira, com exemplos e termos técnicos em inglês, pra montar um vocabulário legal.

E tudo valeu a pena. O entrevistador me fez perguntas totalmente “fora da caixinha” e eu só consegui responder porque estava bem preparada. Não só a respeito da empresa, mas a meu respeito também. Acredito que as coisas quando têm que ser fluem, e a entrevista fluiu muito bem! Como um bate-papo mesmo. No final, quando chegou o temido momento da apresentação (sim, uma das tarefas que recebi pra entrevista foi montar uma apresentação de 10 slides de um tema sobre o qual eu não sabia absolutamente nada – e ter tarefas pra entregar na entrevista é absolutamente comum aqui), que eu tive 5 dias pra fazer (intensos dias de estudo até de madrugada), eu já estava relaxada e apresentei muito melhor que em qualquer das vezes que tinha treinado.

Mesmo assim, saí com medo de que não fosse conseguir. Feliz porque dei o meu melhor, mas sem saber se meu melhor era o bastante. No mesmo dia, recebi uma resposta positiva e marquei uma segunda entrevista com o gerente do meu gerente. 🙂

Esta segunda fase foi mais formal, com muitas perguntas clássicas de entrevista e outras nem tanto. No final, recebi um feedback positivo e desta vez saí confiante de que a vaga pudesse ser minha. Eu já não estava em mais nenhum processo seletivo e a essa altura tinha caído de amores pela cultura da empresa e queria MUITO trabalhar lá.

Foi aí que a espera que seria de dias se tornou uma semana. E eu comecei a duvidar que fosse receber resposta. Outra coisa comum aqui (pelo que percebi de alguns processos seletivos do Rafa e dos meus) é demorarem a responder. Até hoje, nunca vi um processo ficar sem retorno (o que no Brasil era comum), mas muitas coisas podem acontecer na empresa que atrasem a resposta, inclusive o congelamento da vaga. A vaga mesmo para a qual concorri, tinha sido congelada por um ano. Tive medo que isso acontecesse novamente ou que eu tivesse perdido a vaga para outra pessoa.

Isso fez meu coração saltar quando o telefone tocou e era o head hunter (eles acompanham o processo até o final). Ele perguntou se eu ainda tinha interesse na vaga (imagina!) e disse que eu havia sido aprovada! 🙂 Disse ainda que achou melhor ligar logo, pois o RH da empresa estava demorando a fazer a proposta e ficou com medo que eu desistisse e fosse pra outra empresa (possibilidade real, aqui tem muita vaga pra área de analista de produto e desenvolvedor. Ele não corria esse risco, pois eu não estava procurando, mas como ele podia saber?).

Mais tarde naquele mesmo dia a minha oferta de trabalho chegou e confesso que eu chorei de alegria. Eu tinha minha família por perto pra comemorar (minha madrinha e meu tio estavam aqui), eu tinha o emprego que eu queria, Rafa estava empregado e nosso projeto de imigração tinha sido um sucesso em um espaço de um mês. Foi muito mais do que eu pedi a Deus em minhas orações antes de vir. Mas abracei com tudo essa oportunidade, jurei dar o meu melhor todos os dias, e tenho feito isso até hoje, tentado ser a melhor versão de mim.

Enfim, quebramos alguns paradigmas. É possível ter um bom emprego sendo imigrante no Canadá? Sem dúvida. Vai ser rápido? Nem sempre, nem sempre vai ser o primeiro também. E a velocidade depende MUITO da área de atuação. Vai ser fácil? Com absoluta certeza NÃO. Eu sei que essa foi sem dúvida a entrevista mais difícil da minha vida por uma série de fatores. Eu sei que me preparei, que estudei, que adquiri muita experência ao longo dos anos trabalhando desde nova enquanto a galera ia pra praia durante a semana. Mas nada disso teria feito diferença se eu não tivesse uma chance de demonstrar. E essa parte é sorte. Estar lá na hora certa, pra vaga certa. Nem sempre a vaga certa aparece de cara, mas podem ter certeza que pra quem se prepara, uma hora ela vem. Eu vi acontecer, não só pra mim, mas para amigos que hoje também estão felizes em seus empregos e seguindo suas carreiras. Evoluindo rápido, em direção ao ponto onde pararam ou mesmo já adiante e, certamente, muito mais longe depois.

Obrigada por nos acompanharem até aqui. Em breve tem mais. 🙂

Paula Mello

Analista de Projetos de TI, formada em Analise de Sistemas e Publicidade, técnica em Meio Ambiente, estudante por curiosidade eterna, cervejeira por amor ao hobby, louca por fotografia, dança, livros, chocolate, viagens, virar a mesa, se perder pra depois se reencontrar, diferente, de novo.

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4 Resultados

  1. Samuel disse:

    Parabééééééns Paula!! Muito feliz por sua conquista. Mas não esqueça de nós, tira um tempo para atualizar o blog aqui XD

  2. Giovanna disse:

    Parabéns!!!! Realmente é muito bem sentir que está tudo caminhando melhor até que você poderia ter imaginado.

    Queria aproveitar para agradecer os posts sobre trabalho e currículo que ajudaram muito a gente a se basear no que poderia ser feito e atingido em pouco tempo no Canadá. Nós estamos aqui a pouco mais de um mês e também estamos bem felizes com os resultados já atingidos.

    Boa sorte e espero que vocês só cresçam a cada dia no Canadá.
    Abraços,
    Giovanna

  3. Giovanni disse:

    Parabéns, Paula! Sou novo lendo seu blog. Comecei esta semana. Mas neste sábado li vááaaarios posts em uma única sequência. Que bom que tudo está dando certo para vocês. Minha esposa e eu estamos na contagem regressiva para vendermos as coisas no Brasil e fazermos o landing em Toronto, também como residentes permanentes, em abril. Os posts de vocês são muito informativos e dão uma bela ajuda, desde o landing até essa questão profissional. Quem imigra de forma mais planejada e sustentável precisa ter muito foco mesmo, por isso é muito legal ler sobre o sucesso dos dois. No nosso caso, minha esposa é ligada à área acadêmica e já foi aceita com muuuita antecedência para um mestrado na Universidade de Toronto, começando em setembro/2018. E eu estou preparando para aplicar agora no fim de 2017 para um MBA em 2018 – o que, espero, vai melhorar minha transição para o mercado canadense. Ler sobre o sucesso de vocês ajuda a manter o pensamento positivo sobre estratégia e foco. Muito obrigado por compartilharem tanto. E vou seguir lendo conteúdo novo e posts mais antigos também. Abraço e sucesso pra vocês!

  4. Rafael Papa disse:

    Olá Paula! Legal demais o blog. Estive no Canadá pra melhorar meu inglês há uns 6 anos, mas quando voltei, sem praticar, acabei perdendo muita coisa do idioma. Estou estudando pro IELTS (pretendo fazer a prova em Dezembro/2017) enquanto o histórico do meu MBA não chega (pediram 30 dias úteis… afff). Neste meio tempo, mandei traduzir histórico e certificado da graduação e MBA que já tinha em mãos. Sou formado em TI com MBA em Gestão de Projetos e experiência de mais de 14 anos em Cyber Security (tenho 31 anos… sim… boa experiência). Espero poder conseguir todos os documentos necessários ainda este ano para que possa aplicar no começo de Janeiro!

    Obrigado pelos posts!!

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