Nossa primeira experiência com banco e crédito no Canadá
Amigos, estamos de volta. A vida está corrida, mas amamos escrever aqui e contar nossas aventuras pra vocês, ao mesmo tempo que compartilhamos dicas que gostaríamos de ter recebido. Esse post é pra isso… e é um desabafo também.
Assim que chegamos no Canadá, uma das nossas preocupações era abrir uma conta bancária, pra poder depositar o dinheiro que trouxemos, ter a conveniência do cartão e, principalmente, começar a transferir nosso dinheiro pra cá. Como tantos outros imigrantes, usamos o Transferwise para a ampla maioria das transferências e isso fez MUITA diferença no câmbio. Como sempre pesquisamos bastante e usamos recomendações de amigos e conhecidos para escolher o TD Canada Trust como nosso primeiro banco canadense. E pra nós a decisão foi muito acertada. Desde então, derrubamos vários mitos e aprendemos muitas coisas:
Precisa de SIN number pra abrir conta em banco no Canada?
Não, amigos, pior que não. Até mesmo uma pessoa com status de turista pode abrir conta aqui, porém para conseguir crédito você vai precisar do SIN number. Como queríamos um cartão de crédito, fomos ao Service Canada fazer nossos SIN numbers antes de abrir a conta. Nenhum mistério, só chegar lá com seu passaporte e COPR, sentar e esperar.
Como é o processo de abertura da conta?
Muito tranquilo, parecido com o do Brasil, mas particularmente achei melhor. Não precisamos marcar hora, chegamos e abrimos. A agência que escolhemos foi a Sheppard Yonge por ser mais próxima de onde morávamos. A nossa gerente é jamaicana, uma ótima pessoa e tem nos ajudado muito. O gerente é parte chave da sua experiência com o banco aqui também. Sim, é possível resolver qualquer pendência fora da “sua agência”, mas se você tem um bom gerente aproveite e resolva sempre com ele. Sua vida vai ser melhor.
Recém chegado tem vantagens?
Sim. Por sermos imigrantes recém chegados, nós tivemos a oportunidade de fazer a conta mais completa do TD, sem taxas por 6 meses. Após esse tempo, mantendo sempre um saldo de 5000 dólares você continua sem pagar taxas indefinidamente. Vale muito a pena ter o pacote completo, pois ele te dá transações ilimitadas (cada pagamento no débito é uma transação) e muitos outros “perks”, como folhas de cheque gratuitas (eu precisei de folhas de cheque e o mínimo eram 50 por absurdos 68 dólares, mas não precisei pagar nada). Além disso, definitivamente seu status no país faz diferença. Como residentes permanentes, tivemos acesso a mais crédito, como explicarei mais a frente.
E o tal histórico de crédito?
Esse assunto merece um post, mas no que diz respeito a banco, para criar histórico de crédito o ideal é cada um do casal ter a sua própria conta, separadamente. O primeiro impulso de todo imigrante (nosso também) é abrir uma conta conjunta, afinal nenhum dos dois está trabalhando ainda e o dinheiro do casal é um só. Porém, na hora de se submeter a uma futura análise de crédito, será possível somar os dois scores e, segundo nossa gerente, ter dois scores de duas pessoas na análise é melhor que um. E outra, podíamos ter cada um o seu cartão de crédito, o que nos daria mais limite do que se fosse um só.
Cartão de crédito pra recém chegado é sempre com limite baixo, né?
Absolutamente não. Essa foi a maior barreira que quebramos em relação a bancos aqui e vale a pena contar nossa história tintim por tintim pra vocês. Nossa gerente nos disse que, se fizéssemos o pedido de cartão de crédito assim que chegamos e sem ter nenhuma renda, o limite seria bem baixo. Pra trocar por outro ou solicitar mais limite seria uma mão de obra, além do que tínhamos um cartão específico em mente: o TD Aeroplan card. É um cartão que permite acumular milhas Aeroplan cada vez que você usa e, pra nós, é muita vantagem, pois esse é o programa de milhagem da Air Canada. Uma viagem de graça pro Brasil de vez em quando não faz mal a ninguém, né? Esse cartão só estaria ao nosso alcance se já estivéssemos trabalhando ao fazer o pedido, então decidimos esperar.
Pois bem. Rafa conseguiu emprego na segunda semana aqui no país e, claro, estava doido pra começar a ganhar milhas. Por isso, no fim de semana fomos ao banco (aqui algumas agências abrem sábado e domingo) para pedir o cartão de crédito. Nossa gerente não estava e fomos atendidos por outra pessoa que fez um monte de perguntas sobre o trabalho dele e disse que, por ser recém chegado e ainda não ter passado do período de experiência, ele não teria direito ao cartão que gostaria. Ela tentou empurrar outro pra ele com limite bem mais baixo, mas ele não quis.
Foi um balde de água fria. Foi a primeira vez que sentimos na pele as dificuldades de “não ter um nome” aqui. Até então, a tal “experiência canadense” não nos havia privado de nada. Decidimos que não íamos deixar por isso mesmo. Marcamos um horário com nossa gerente e, se ela não resolvesse nosso problema, mudaríamos de banco até achar algum que se encaixasse no que queríamos.
Claro que, com nossa gerente, a história foi outra. Ela nos disse que não tinha lógica nenhuma o que a outra pessoa havia falado, que como residente permanente e empregado Rafa teria sim todas as chances de ser aprovado pro cartão que ele queria, atualizou os dados dele, preencheu o cadastro do cartão Aeroplan e pronto! Aprovado na hora! Ela disse que não esperava, pois geralmente o banco rejeita e pede que se faça um cartão “segurado”, ou seja, o banco fica com o valor do limite preso na sua conta como garantia do cartão.
Saímos do banco super felizes, com a ato estima recuperada e um cartão que daria ao Rafa dezenas de milhares de milhas só por ativar e comprar nos primeiros 90 dias, mais 1 milha a cada dólar gasto. E um limite considerável, de alguns milhares de dólares, que usamos pra comprar nossos móveis. Um mês depois, eu saí da mesma agência com o mesmo cartão e agora temos dois e estamos construindo nosso histórico de crédito muito bem, obrigada. Aprendemos três coisas: primeiro, aqui pra ser atendido pelo seu gerente você precisa marcar hora, não é só chegar. Se o gerente é bom, marque hora sempre com ele, vale muito a pena. Segundo, não se afobe na hora de pedir cartão aqui. Aliás, não se afobe pra nada. Se você esperar um pouco, até estar trabalhando, vai conseguir opções muito melhores. O seu histórico de crédito pode esperar mais alguns meses. Por último, não aceite menos do que você acha que merece por ser recém chegado. Isso vale pra tudo, desde o cartão de crédito que você quer até o emprego e o salário e a casa. É claro, pra tudo na vida temos que ser razoáveis, eu acho que mereço um prêmio de loteria de uns 50 milhões de dólares, mas né? 🙂
Se você fez seu dever de casa, fez uma auto análise e sabe o que está dentro das suas possibilidades conseguir, não aceite que queiram te diminuir sem nenhum motivo plausível, só porque você é recém chegado. Mesmo que tenha que esperar mais, ou desviar um pouco do caminho (como trabalhar em uma posição iniciante pra fechar as contas do mês por um tempo enquanto o “dream job” não chega), não peca o foco e continue procurando sempre o que você quer e merece. É assim que a gente vai abrindo caminho pros imigrantes que vierem depois de nós sofrerem cada vez menos com essa discriminação ridícula.
É isso galera, já falei demais. Até a próxima!
Muito bom o post!
Obrigada Rita =)
Muito bom post! E quem chega como estudante e n ao vai trabalhar logo de cara? Ai n tem jeito ne? A opção é fazer o cartão com o limite bem baixo…
Então Lele…
Temos amigos que estão aqui estudando e o que vemos é que o trabalho full time é o que faz mais diferença. Ter um visto de residência permanente pode encurtar o tempo pra receber crédito, ou seja, o banco vai “confiar” que você estará por aqui pra pagar pelo crédito que recebeu ou que você será mais facilmente rastreável se não estiver. Sem estar trabalhando, realmente é complicado, porque o banco está sempre interessado em saber se você terá como pagar pelo crédito que recebeu. Aí a saída é fazer um cartão com limite baixo mesmo ou um cartão “segurado” (você deixa preso no banco o valor referente ao limite).
Obrigada pela visita e volte sempre que quiser =)
Ótimo post! Como sempre. Obrigado! =]
Obrigada Rômulo! =)
Ótimo post! Aguardando os próximos! 🙂
Obrigada Thais =)
Olá Casal! Parabéns pelo blog! Sou leitor recém chegado e já vi que se trata de conteúdo de qualidade e atualizado. Espero poder “participar” das discussões aqui de maneira produtiva. Estamos um pouco mais atrasados, mas já estamos engatinhando no processo. Gostria de saber se vocês chegaram a avaliar a possibilidade de “exportar” seu histórico de crédito. Li relatos na internet de que isso seria possível na bandeira amex, estou fazendo bom uso do meu no Brasil tendo isso em vista, mas não sei se na prática funcionará tão bem assim… anyways, que bom que conseguiram! Sucesso!
Oi Aluisio!
Infelizmente, não sabemos. Nunca tivemos Amex. Mas sei que na época que o HSBC ainda funcionava no Brasil, dava pra exportar o histórico de crédito abrindo uma conta no HSBC do Canadá sim. Mas era um banco, com bandeira de cartão não sei como seria…
Obrigada pela visita e volte sempre que quiser. 🙂
Que post e blog maravilhosos!!!!!! Parabéns!!! Encontrei recentemente e devorei a leitura em poucos dias. Meu marido e eu recebemos o ITA há 1 semana e estamos na loucura de reunir a documentação necessária. E expectativa é chegar na mesma época do ano que vocês, em Toronto também, então todas as informações são muito ricas pra gente!!! Obrigada por compartilharem. Vocês pretendem fazer posts sobre a) onde compras as roupas de inverno na chegada; b) busca da casa definitiva e as opções e bairros que consideraram?; c) como estão fizeram (ou estão fazendo) pra transferir o dinheiro de vocês? 🙂
Oi Lais!
Obrigada, que bom saber que estamos ajudando! É pra isso que o blog existe e é o que nos faz mais felizes. Esses itens estão na lista sim. Quanto à transferência de dinheiro, acho que não temos assunto pra um post inteiro… Trouxemos em dinheiro mesmo o suficiente pros primeiros dois meses aqui e depois estamos fazendo Transferwise mês a mês.
Obrigada pela visita e volte sempre que quiser. 🙂
ótima postagem. obrigado Paula e Rafael por compartilhar essas experiência.
realmente relacionamento no meio bancário é tudo, aqui no Brasil e pelo visto em qualquer lugar do mundo, afinal quando envolve relacionamento se trata de gente e cada um tem seu jeito de lidar com as coisa.
sucesso pra vocês.
Obrigada Najib! Pois é, relacionamento é tudo mesmo. Tem que dar sorte de pegar um bom gerente ou procurar por um até achar.
Obrigada pela visita!