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O (pesadelo) desafio da mudança pro Canadá

Pessoal, pedimos desculpas pelo (não tão) breve sumiço. Tem sido um turbilhão de afazeres, compromissos e emoções. Desde nosso último post, saímos de nossos empregos (com toneladas de burocracia pra resolver), vendemos / doamos todos os nossos móveis, empacotamos nossas caixas, fizemos nossa festa de despedida, pintamos, esvaziamos, limpamos e entregamos nosso apartamento e fomos de mudança pra um AirBnb, tudo absolutamente sozinhos, sem nenhuma empresa pra ajudar, contando apenas com a família e amigos queridos quando a barra pesou de verdade.

Agora a coisa acalmou e finalmente estamos de férias, perto do mar. Claro que o Rio não podia deixar a zoeira acabar e está chovendo. Muito ¬¬. Aproveito para compartilhar com vocês uma etapa da imigração subestimada (inclusive por nós), mas que é uma das que mais mexe com a gente: a mudança. A mudança mesmo, literal, de uma casa pra outra. Galera, ver a sua casa ficando vazia é uma sensação inexplicável. Ao mesmo tempo que te renova, faz cair aos poucos a tal daquela ficha, vai tornando real o que antes era planejamento, suor e lágrimas. E você pode até achar que está pronto, mas nada te prepara para a concretização de um projeto desse tamanho.

Como este é um blog de informações práticas, vou cortar o mi-mi-mi e contar um pouco sobre o que estamos fazendo pra nossa vida caber em três caixas, uma mala e quatro mochilas, para que o caminho de vocês seja , talvez, menos pedregoso que o nosso.

O famoso bazar

Em primeiro lugar, deixar pra última hora é uma má ideia. Pra nós, foi impossível deixar de comparecer a eventos sociais das pessoas que amamos (e quanto mais perto do fim do ano, mais eventos) nos fins de semana pra nos dedicarmos a arrumar coisas, mas todo tempinho que conseguíamos arrumar nas horas vagas salvou nossa vida no final. Colocamos nossas coisas à venda com dois meses de antecedência, o que não necessariamente foi uma boa ideia. Tudo que colocamos à venda vendeu. E muito rápido. Em menos de duas semanas, todos os móveis da casa estavam vendidos e, por sorte, conseguimos negociar para que os compradores levassem tudo apenas no final de novembro, evitando sentar no chão de casa por dois meses.

Não fizemos bazar físico. Como temos facilidade com tecnologia e fotografia, montamos um site no Wix com nossos pertences e um pouco da nossa história e simplesmente compartilhamos no Facebook. Deu muito certo. Os eletrodomésticos nem precisamos anunciar, vendemos tudo pra família e amigos próximos. Optamos por não vender coisas pequenas ou alguns objetos que tinham destino certo, preferimos doar. Devolver um pouquinho da abundância que recebemos este ano e fazer outros felizes também. No geral, se eu pudesse dar um conselho, seria: não coloque nada a venda enquanto você ainda estiver precisando por um tempo, as coisas realmente vendem rápido, não é só com os outros, as suas provavelmente venderão também. 🙂

As malas / caixas

Consultando a política de bagagem da Air Canada, companhia que escolhemos para voar, vimos que cada um de nós tinha direito a despachar dois itens de até 32 kg, cujas dimensões lineares não ultrapassem 158cm. Isso significa que não precisam necessariamente ser malas. Assim, seguindo as dicas de alguns outros blogueiros e amigos, resolvemos aderir às caixas de papelão. Afinal, mudança não é mudança sem caixas! Algumas vantagens que vimos foram peso (caixa de papelão é muito mais leve que mala), capacidade (as dimensões permitem colocar muito mais itens) e custo (como só temos uma mala grande, comprar mais três seria muito mais caro que comprar caixas).

Quanto ao formato e compra das caixas, baseado em relatos, preferimos caixas reforçadas, de miolo duplo, para aguentar os impactos do transporte. As nossas dimensões ficaram em 50 x 50 x 50, num total de 150 cm, deixando uma margem de segurança. Compramos nossas caixas numa empresa de embalagens, que achamos na internet, aqui do Rio mesmo, e entregava em casa. Achamos o valor mais vantajoso assim, R$ 7,90 cada uma, mesmo com frete valia a pena. Mas em lojas conhecidas como a Kalunga é possível encontrar também.

A parte de dentro e os reforços, nesse caso, são o mais importante. Montamos as três caixas com fita gomada, um tipo específico de fita pra fechar caixa em que você passa água e ela forma uma goma que adere à caixa e, quando seca, parece que faz parte dela e fica bem firme. O ideal é usar a reforçada, mas como não achamos foi a normal mesmo. Forramos o interior das três caixas com plástico bolha, para tentar evitar danos no transporte. Além disso, todos os itens quebráveis foram muito bem embalados com plástico bolha e colocados dentro de caixas menores, cujas bordas eram preenchidas com objetos pequenos que coubessem ali. Para aumentar a capacidade de itens, usamos as famosas vacuum bags, que reduzem muito o volume das roupas, mas tem que usar com aspirador pra tirar o ar pra ficar bom mesmo. Fomos posicionando os itens encaixados como um quebra-cabeças nas caixas, para aproveitar cada espacinho.

Outra coisa importante é identificar as caixas e listar os itens em cada uma delas. Eletroeletrônicos devem ter números de série anotados, isso é muito importante para o momento do landing, em que é preciso apresentar a lista detalhada de pertences. Nós atribuímos números a cada item ou caixinha com itens e listamos a descrição e peso de cada um, isso ajudou muito a saber quanto de peso ainda cabia em cada caixa e quais itens ainda podiam entrar. No final,  passamos um plástico tipo filme, mas um rolo bem maior (comprado no Centro do Rio) para proteger ainda mais as caixas e impedir que abrissem. O ideal, segundo dizem, é o plástico de embalar pallet, mas não encontramos. Por fim, pesamos as caixas e chegamos à conclusão de que, entre caixa, plástico bolha, fitas e filme, são mais ou menos 2Kg de embalagens, pra quem precisar da referência. O ideal, então, é encher até uns 29kg , 30kg estourando, pra não ter problemas na hora de embarcar.

A tal da mudança

Desde que se casaram, meus pais já se mudaram oito vezes. Nas oito, eu estive presente. Além dessas, eu mesma já mudei outras duas. Por conta disso, considero-me uma criatura experiente em mudanças. Ainda assim, subestimei a trabalheira que dá fazer uma mudança de imigrante. Essa experiência me ensinou, com certeza, que acumulamos coisas demais na nossa vida! Pra que tanta roupa? Tanto sapato? Tanto pote de plástico? Tanto livro? Um dos meus votos pro ano que vem é ser uma pessoa menos acumuladora. Foi um verdadeiro pesadelo nos livrarmos de tudo que tínhamos.

O problema da mudança pra quem vai imigrar como nós, só com a bagagem permitida no vôo, é que não vai simplesmente tudo encaixotado de um ponto a outro. Nossa casa virou (uma zona de guerra) um centro de distribuição: coisas que iam pros nossos pais, coisas que iam pros irmãos, pra amigos. A logística de entrega das coisas pequenas e dos eletrodomésticos foi o que mais enrolou. Tanto que acabamos simplesmente jogando fora por engano coisas que tínhamos acabado de comprar, por pura falta de ordem e de tempo. Coisas sumiram, outras foram pras pessoas erradas. Um caos. Por mais que houvesse planejamento, falhamos miseravelmente na execução dessa última etapa, por pura falta de tempo. Simplesmente não era possível dar conta de tudo, e ainda pintar apartamento, fazer faxina final, cuidar da burocracia da entrega do imóvel e dos detalhes da decoração da despedida feita à mão por nós dois (cortamos e dobramos mais de 300 aviõezinhos, Deus sabe por que tive essas ideias), tudo em menos de duas semanas.

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Por isso, nesse caso, as dicas que podemos dar são: reserve pelo menos três semanas (talvez um mês, dependendo do tamanho da sua casa e do seu acúmulo hehe), após ter parado de trabalhar, para essa etapa da mudança. Nós só tivemos 10 dias e, mesmo trabalhando todo dia das 08:00 às 23:00, no final foi um Deus nos acuda, joga tudo nas mochilas, malas e sacolas e vai pra imobiliária do jeito que der. Por muito pouco não tivemos problemas sérios, então não recomendo a ninguém esse tipo de maratona. Outra coisa legal é ir se desfazendo aos poucos das coisas miúdas, principalmente as que serão doadas. Quem optou por essa abordagem se saiu muito melhor que nós. Evite também, se financeiramente possível, fazer tudo sozinho. Contrate um buffet pra despedida, se der, pague alguém pra pintar seu apartamento ou dar a faxina final. Sei que isso é caro e “anti-canadense”, o oposto da cultura DIY, mas a ajuda vale cada centavo.

Por fim… se der, reserve um tempinho pra relaxar antes de ir. Da forma que preferir, seja ficando na casa de parentes ou num cantinho especial só seu. Escolhemos estrategicamente um AirBnb perto das nossas famílias, do metrô e da praia, com piscina, perto de muitas coisas que gostamos de fazer e do Citibank (claro! =D), onde estamos comprando dólar, assunto pra outro post. Você vai estar tremendamente exausto, aproveite para recarregar as baterias e tentar chegar renovado na sua nova vida.

Acho que é isso, post gigante pra compensar a ausência. Até a próxima, pessoal! =)

Paula Mello

Analista de Projetos de TI, formada em Analise de Sistemas e Publicidade, técnica em Meio Ambiente, estudante por curiosidade eterna, cervejeira por amor ao hobby, louca por fotografia, dança, livros, chocolate, viagens, virar a mesa, se perder pra depois se reencontrar, diferente, de novo.

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14 Resultados

  1. Kauana disse:

    Simplesmente quero dizer: parabéns!! Um site maravilhoso e super bem explicado. Eu e meu marido vamos dar entrada e estamos super animados para morarmos no Canadá.
    Tenho uma dúvida, vc poderia me ajudar?
    Eu e meu marido temos um apartamento que financiamos pela caixa, não queríamos vender, queríamos ir para o Canada e continuar pagando o financiamento. Vc sabe me dizer se é possível? Ou não pode ter financiamentos quando for comprovar a documentação para ganhar o visto de residente permanente?
    Obrigada e parabéns pelo site, tirou mtassss dúvidas q eu tinha.
    Bjs

    • Paula Mello disse:

      Oi Kauana, obrigada! 🙂

      Na verdade, vai depender mais da condição financeira de vocês. Não tínhamos apartamento próprio, então não pesquisamos a fundo a respeito. Porém, o CIC lista que você deve declarar todos os financiamentos que possui, então acredito que levem em conta o quanto você tem guardado e o quanto tem de dívida. Pra ter certeza do que é melhor, recomendaria uma consulta com um consultor.

      Obrigada pela visita e volte sempre que quiser!

  2. Casal 20 disse:

    Aeee apareceram!! Estavam realmente sumidos. Por aqui e por lá =P

    Realmente a minha ficha só começou a cair quando vendemos o nosso apto e fizemos a nossa primeira mudança para o apto temporário. Nunca pensei que tivéssemos tantas coisas!! Vendemos muitas coisas, fizemos o bazar, doamos outras e até hj estamos vendendo o que vou deixando de usar com a proximidade da viagem (hj mesmo vendi a caixa de transporte da nossa gatinha, pois não podemos levar pq não está dentro das especificações das cias aéreas e usávamos para levá-la ao vet. Agora que já comprei a caixinha para levá-la no avião, se ela tiver que ir na vet vai na caixa nova =) )

    Ficamos muito felizes por ver vcs nessa fase das caixas e sempre compartilhando td tão detalhadamente com a gente!

    Agora é só aproveitar os últimos dias…falta tão pouquinho…

    Obrigada mais uma vez pela generosidade de gastar o tempo de vcs dividindo tudo sempre com a gente! Gratidão!

    Beijos

    • Paula Mello disse:

      Aaaaaaaaai sua linda!! 🙂

      É um prazer pra nós aparecer por aqui, manter o blog atualizado com informações relevantes e dividir o que pudermos. E claro, conhecer pessoas maravilhosas como vocês foi uma grande recompensa!

  3. Taise Santos do Nascimento disse:

    Post muito bom!!
    Realmente este “apagar das luzes”, no caso, de sua antiga casa, deve ser bem difícil. Eu também imagino como será difícil pra mim…..Importante ir fazendo esse trabalho de se “desapegar” das coisas, ir vendendo, doando…evitando de comprar coisas sem necessidade…..Adorei as dicas das caixas de papelão!! Vou usá-la durante minha mudança..
    Abraços,
    Taise

    • Paula Mello disse:

      Oi Taise!

      Essa parte é esquisita sim, menos pelo material e muito mais porque vai tornando real a distância da família, dos amigos… Algo que tem muito valor. Claro, ver suas coisinhas escolhidas com amor serem levadas é estranho, mas vender pra amigos e parentes queridos ameniza muito o sentimento de perda. E doar então é uma felicidade. 🙂

      Obrigada pela visita e volte sempre que quiser! 🙂

  4. luciana brito disse:

    Oi! Tou no início do meu plano Canadá, encontrei teu site há algum tempo e tou viciada nele, parabens! Aqui tem muita informação legal e esclarecedora… Mas eu queria tirar duas duvidas: 1. Sobre o reconhecimento de estudos da WES, eles falam que as instituiçoes mandam o historico e diploma e eu devo mandar as traduções, mas no caso de a propria instituiçao fornecer o documento em ingles, eu coloco ele junto no envelope da faculdade ou mando no meu envelope mesmo? fiquei com essa duvida,uma das minhas universidades faz o historico em ingles e a outra concordou em conferir e assinar minha traducao, dai envio as copias em ingles dentro dos envelopes lacradas das universidades? e no meu envelope, mando o que entao? 2. a segunda duvida é com relaçao a pontuacao do CIC, li no seu artigo que ter uma pos graduacao reconhecida + uma graduacao soma mais pontos, isso pq entra naquela categoria de “two or more certificates” ne? minha duvida eh, eu tenho duas graduacoes, sera q entra tambem nessa categoria? ou pra ser considerada nela, ter que ser uma graduacao e uma pos? Agradeco muito se puder responder, thanks!

    • Paula Mello disse:

      Obrigada, Luciana!

      Se a própria instituição fornecer o documento em inglês, já está pronto e não precisa mandar tradução. =) Não esqueça que o histórico em inglês deve estar selado no envelope da faculdade.
      Manda a cópia do seu diploma e da tradução juramentada dele.
      Duas graduações entra na categoria two or more certificates sim.

      Obrigada pela visita e volte sempre que quiser!

  5. Livania Gutierrez disse:

    Adorei o post! Estou no ” sonho Canada” e fico me perguntando: como vou fazer com a mudança? Vc respondeu td
    Obrigada!! Uma perguntinha… Vc foi pro Canadá com ” a cara e a cotagem” ou já tinha certo uma proposta de emprego?
    Boa sorte com a nova vida!

    • Paula Mello disse:

      Oi Livania!

      Então… viemos com a cara e a coragem mesmo hehehe
      Depois que recebemos o visto, Rafa começou a procurar emprego ainda no Brasil. Mas as malas já estavam prontas.

      Obrigada pela visita e volte sempre que quiser =)

  6. Lucilene disse:

    Olha, passei por tudo isso!!! A parte triste é que eu doei todos os meus móveis, eletrodomésticos, roupas, objetos de decoração, tudo mesmo, e ainda assim no dia da viagem ainda tinha mais da metade das coisas para sair do apt porque as pessoas não iam buscar!!!!
    Eu não estava vendendo, estava dando e mesmo assim as pessoas fizeram corpo mole… detalhe, as famílias dos dois lados. Nós nos organizamos, planejamos, fizemos tudo certo e as pessoas nos atrapalharam muito. Só depois que ameacei tacar fogo em tudo eles foram buscar, foi um inferno, , briguei com todo mundo.
    Eu me desfiz de tudo sem pestanejar, porém não tinha intenção ( nem tenho, nem nunca terei haha) de me desfazer dos meus livros. Tenho 12 cxs com cerca de 450 livros para trazer. Trouxemos apenas 3 malas: uma minha, uma do marido e uma de itens em comum. Estudei tantas possibilidades de trazer minhas caixas, mas nenhuma deu certo. Eu pagaria caríssimo se eu soubesse que chegaria rápido e em segurança, mas mesmo pagando caro enviando via container existem as complicações na alfândega… o jeito vai ser enviar pelos correios, que não é tão caro porém nada seguro 🙁

  7. Jéssica Nascimento disse:

    Paula como foi que as coisas chegaram? Estou indo para Vancouver em 2021, quero levar algumas coisas em caixas, mas tenho medo de serem extraviada ou perdidas no caminho. Vc acha que vale a pena pagar uma empresa especializada em mudanças internacionais? Paga algum imposto? Como vou com visto de estudante, será que tem problema? Agradeço desde já. Bjão

    • Mariane disse:

      Olá, também gostaria de saber a mesma coisa. Indo com visto de estudante, sera que tem algum problema na “quantidade de mudança “?? Bjs

  8. Lidiane disse:

    Também gostaria de saber sobre levar mudança com visto de estudante

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