Série: em busca do primeiro emprego – parte 3

Esse post é o terceiro da série “em busca do primeiro emprego” e se você ainda não viu o primeiro ou o segundo, vai lá dar uma olhada. Eu espero. =)
Mais uma vez vou começar a escrever um post atropelando meus planos iniciais. Esse post deveria ser sobre currículos, mas as circunstancias me fizeram mudar de ideia. Além disso, essa parte eu vou deixar pra Paulinha escrever, pois o domínio dela sobre o tema está bem maior que o meu.
Mais uma entrevista de emprego
No dia seguinte a primeira entrevista, como dizem ser uma boa pratica aqui, mandei um email agradecendo pela entrevista, dizendo que tinha gostado bastante do que ele tinha me falado sobre a empresa, etc… aquele jabá pra encher a bola do cara e facilitar pra ele se lembrar de mim. Embora o email tenha sido jabá, eu realmente tinha gostado da vaga e queria muito o emprego.
Mais de uma semana se passou e nenhuma resposta foi dada. Mandei novamente um email pra ele, que disse não ter tido nenhum retorno do gerente de TI e que iria cobrar e tão logo tivesse uma resposta entraria em contato comigo. Assim foi, quase uma semana se passou e recebi o email dele falando que o gerente tinha gostado do meu perfil e que queria marcar uma entrevista técnica. Marcamos a entrevista pra uns dois dias depois. No dia anterior ele me manda outro email querendo bater um papo rápido comigo. Fiquei meio bolado – Será que meu tão sonhado emprego canadense estava em risco? – mas confirmei e parti pro skype.
O que ele queria era bater um papo mesmo, me explicar como seria a entrevista, o que era esperado de mim, etc… Isso demorou uns 15 minutos, e eu saí bem mais tranquilo. No dia seguinte me preparei pra entrevista técnica, e pra minha surpresa, meia hora antes o gerente de TI desmarcou. Pediu desculpas, mas tinha um outro compromisso e não poderia participar.
O cara do RH pediu mil desculpas e perguntou quando eu poderia novamente. Marquei pra semana seguinte e esperei. Na semana seguinte, outro problema ocorreu e o gerente de TI novamente não pode participar. E só me avisou duas horas antes. ¬¬
O cara do RH, dessa vez puto da vida, me mandou um email pedindo as mais sinceras desculpas, dizendo que ele estava muito envergonhado e também disse que ia garantir que isso não ocorreria outra vez. Eu pensei: Ok, vou bancar o gentleman, afinal, eu quero esse emprego. Marcamos novamente.
No dia e hora marcados estava eu me preparando novamente, mas dessa vez mandei uma mensagem pra eles pra confirmar que a entrevista ocorreria. Adivinhem?? O malandro estava doente e não poderia comparecer, mais uma vez. O que ocorreu dessa vez é que pra ficar menos feio, ele pediu pra um gerente de projetos fazer uma “fit interview”. Pensei até em desmarcar. Já estava bem puto.
Paulinha me aconselhou a não desmarcar, afinal, essas “fit interviews” costumam ser importantes pra eles. Fui eu pra entrevista. E não foi muito diferente da entrevista de RH, mas dessa vez com algumas perguntas mais comportamentais. Ele também perguntou se eu tinha alguma dúvida, e eu joguei algumas pra cima dele. Respondeu tudo e finalizamos a entrevista.
Novamente mandei o email agradecendo e blá blá blá… o RH me respondeu dizendo que o cara tinha ficado impressionado e que eles não viam a hora de fazer a entrevista técnica e que gostariam de marcar pra quanto eu estivesse em Toronto pra evitar os problemas das ultimas vezes.
Algumas horas depois o gerente de TI entrou em contato diretamente comigo e pediu pra fazermos a entrevista no dia seguinte a qualquer hora que eu quisesse. Era um sinal – pensei – de que o emprego seria meu.
Nesse meio tempo já tínhamos nos mudado para o apartamento temporário e tinha feito mais um entrevista com RH de outra empresa e marcado mais uma entrevista técnica com essa segunda empresa.
Chegou a hora e fui todo serelepe pra entrevista. As piores 1:30H da minha vida. Pelo menos essa foi minha sensação ao final da entrevista. O cara foi fundo, mais fundo do que qualquer outro entrevistador já havia ido na parte técnica. Queria saber como algumas coisas eram implementadas na JVM, algumas questões envolvendo complexidade de código, performance, hashtables, design-patterns, multi-threading etc… quanto mais eu respondia, mais detalhes ele queria, quando não sabia, rolava um pequeno silêncio e fui notando que a empolgação dele já tinha ido há tempos. Passamos pra segunda parte da entrevista, pair programming.
Ele me passou um link de uma ferramenta online para que eu pudesse codificar e ele ver em tempo real. Ele me passou um cenário e pediu pra eu desenvolver a solução. Essa parte foi a mais tranquila, me senti mais a vontade, e de fato a entrevista começou a fluir melhor. Quando bateu uma hora e meia ele falou que já havia dado pra ele saber o que queria, e que a partir dali já não seria mais tão produtivo. Agradeci, finalizamos e eu saí com a sensação de que não havia rolado.
Durante a entrevista aconteceram alguns problemas. Todos eles relacionados a internet. A internet do nosso apartamento temporário não era tão confiável e rápida como estava acostumado. Algumas vezes o audio simplesmente não passava, outras horas palavras eram cortadas – as vezes frases inteiras – e até mesmo a ferramenta que estávamos usando para compartilhar o código estava travando e perdendo a conexão.
No dia seguinte, recebi um email automático agradecendo pela minha participação no processo, mas que a empresa tinha decidido não continuar. Auto estima foi lá embaixo. Eu realmente queria aquele emprego. Algumas cervejas, umas doses de um bom whisky e algumas horas de sono e eu estava pronto pra outra.
A outra entrevista técnica, na segunda em1presa, foi quase tão bosta quanto a primeira, e embora eu tivesse a sensação de ter ido um pouco melhor, a certeza de que não tinha conseguido estava lá. Mais uma vez, brochei. Já estava me sentindo um bosta, repensando se a decisão de largar tudo e vir pro Canadá era mesmo correta.
Mas bola pra frente, a vida é assim mesmo. Nem sempre a gente ganha. Mas eu já estava me preparando pra aplicar para os “survival jobs”. Até que um dia, Paulinha ia encontrar umas amigas perto da hora do almoço e eu tinha que resolver algumas coisas no cartório. Assim fizemos, resolvi minhas paradas e voltei pra casa. Aí ela manda uma mensagem: “Estamos pensando em dar uma passada na praia. Quer ir?”. Nosso novo lar era bem pertinho, mas eu não estava com muito saco. Dei uma ignorada na mensagem, e uns 20 minutos depois fui responder dizendo que não queria ir. Tinha um email do RH de uma empresa querendo marcar uma entrevista de emprego. Expliquei a situação, dizendo que eu não estava no Canadá, só chegaria no dia 26 mas estaria disponível pra um skype.
Não deu nem tempo de responder a mensagem da Paulinha, o cara respondeu de cara: “pode ser agora?” falei que precisava de 10 minutos. e corri pra me preparar. Paulinha me ligou pra saber se eu iria ou não a praia, e agora eu podia falar que não ia, mas tinha um bom motivo pelo menos. rsrsrs
Fizemos a entrevista e graças a Deus a internet funcionou perfeitamente. Entrevista padrão de RH, e no fim ele já marcou a entrevista técnica pro dia 03/01, pois eu já estaria no Canadá e seria melhor que a entrevista fosse “face to face”. Obviamente concordei. rsrs
A primeira entrevista presencial
Cheguei na empresa na hora combinada e esperei me chamarem. No total, demorou uns 35 minutos. A entrevista foi complicadinha. Tinha o gerente de TI e uma programadora, perguntas aqui, respostas acolá. Rolou uma empatia, um “short talk” sobre a mudança pra Toronto, sobre a vida. rsrs
Quando a entrevista chegou ao fim, O gerente perguntou se eu estava com pressa ou se teria mais alguns minutos pra conversar com o chefe dele. Opa, conversar com o chefe? Acho que passei de fase. Claro que falei que estava com todo tempo do mundo. Mais uns 15 minutos de conversa e a entrevista estava finalizada. Saí de lá com aquela sensação de “o emprego é meu”.
Paulinha e eu tínhamos marcado de ir ao cinema. Enquanto esperávamos a hora do filme, escrevi o email de agradecimento padrão e tal… Desliguei o celular e partimos pro filme. No meio do filme decidi ligar o celular novamente. Recebi um email do RH da empresa. Basicamente o email dizia: “tentamos entrar em contato com você mas não conseguimos. Assim que puder, ligue no número tal”.
Saí da sala de cinema na hora! Liguei e resumindo o que eles disseram: “Hey Rafael. We have some great news for you here. We have a job offer for you”.
CA-RA-L#@… O emprego era meu. Sério, eu consegui o fucking job. Todo o esforço valeu a pena, e no fim, mudar para o Canadá nunca pareceu ser tão certo quanto naquele momento. Do dia em que pisei no Canadá até o momento que recebi a oferta de emprego se passaram exatamente oito dias, e desde aquele oitavo dia que eu estou mais feliz do que nunca.
Algumas dicas
- Pesquise sobre a empresa, eles vão te perguntar o que você sabe sobre eles. Até agora, todos me perguntaram;
- Evite entrevistas online, principalmente as que não tem vídeo;
- Se decidir fazer entrevistas de emprego online, garanta que tudo vai estar funcionando perfeitamente. Se você não tem uma conexão com a internet confiável, volte pra dica anterior;
- Demonstre confiança, sem ser arrogante;
- Aja naturalmente;
- Se não souber alguma resposta, não hesite em dizer que não sabe;
- Se precisar de tempo pra pensar (pode acontecer em entrevistas mais técnicas), peça alguns segundos/minutos, mas não exagere;
- Se você é programador e tem alguns anos de experiência, “dá seus pulos” meu camarada, mas arruma seu visto e cai dentro, emprego pra nós tem muito aqui.
O post ficou gigante, eu sei. Mas não queria deixar nenhum detalhe de fora, até porque, acho que esse é o post que escrevo mais feliz. =) Espero que vocês entendam.
Até a próxima!
Posts da série:
Adorei seu post Rafael! Meu marido é programador e realmente é muito bom confirmar que vai ser tranquila a transição para o Canadá!
Parabéns pelo seu novo emprego e desejo muito sucesso para vocês no Canadá!
Valeu! =)
Rafa,
Você conseguiu me fazer sentir toda a angústia e emoção ao ler este seu post!! Imagino o quanto foi suada e desgastante essa etapa de procurar e fazer as entrevistas de emprego, mas o resultado foi sensacional! Conseguir chegar aí praticamente com emprego é sem dúvida motivo para estar explodindo de felicidade. Mas vc só conseguiu isso pois lutou e batalhou muito por isso!
Adorei o relato super detalhado e vamos aplicar as suas dicas por aqui =)
Logo logo Paulinha vai conseguir o trabalho dela também!!
Saibam que torço muito por vocês e sou fã número 1 do blog, há tempos.
Beijos e ainda mais sucesso pra vcs!
Obrigada sua linda! Estamos torcendo muito por vcs tb! =)
2017 vai ser o nosso ano!!!
Bjs!
Obrigado querida!! =)
Também estamos torcendo demais por vocês. <3
Bjs!
Rafa, parabéns e muito sucesso!
Paulinha em breve virá com uma notícia semelhante.
Essa sensação de ter feito a escolha certa ao mudar de país deve ser maravilhosa.
Boa sorte!
Abraços.
Tomaraaaaaaaaaaaaaaa 🙂
Olá Rafa, parabéns pela conquista.
Fiz um tour completo por todos os posts do blog e posso dizer que as dicas de vocês estão ajudando muito, continuem! Eu e minha esposa vamos dar início ao nosso processo de imigração (Express Entry) através de uma consultoria, sinceramente viver no Brasil está muito difícil nossa sociedade ainda necessita crescer muito. Além disso sou da área de Marketing Digital e embora a área esteja crescendo os ventos que conduzem esse navio por aqui sumiram! Bom, sucesso e já já a Paula terá boas notícias para compartilhar, se Deus quiser! =)
Obrigado Edmar =)
Amém, Edmar! Estamos na luta! =)
Muito legal Rafael! Parabéns pela consquita do trabalho.
O processo de imigração é paulera, estou em uns 70%, mas acho que vale muito a pena.
Abraços
Obrigado Luiz Carlos, e boa sorte no seu processo! =)
Blog maravilhoso! Também tenho medo de entrevistas online, principalmente porque ainda sou programador junior aqui no Brasil. Estamos esperando visto pro Quebec, esperamos chegar antes do verão. Essas dicas são ótimas! =]
Obrigado Romulo. =)
Bboa sorte nas entrevistas. E fica tranquilo, você começa a pegar pratica. rsrs
Caramba, que saga, mas que legal que deu tudo certo. Parabéns. Estou devorando o conteúdo do site, bastante informação mesmo. Também sou da área de TI, 12 anos pelo menos.
estou seriamente motivado a passar por esse processo.
obrigado pelas postagens. abraço para você e Paula!!
Obrigada Najib!
Boa sorte no seu processo, se decidir toca-lo! Por nossa experiencia, vale muito a pena!
Abracos! 🙂
Cara eu nunca comento em blog, leio muito, mas o seu foi tão inspirador e entusiástico que eu fiz questão de lhe dar os para não só por compartilhar esse momento mas pela conquista também, e me deixou ainda mais animado para concluir esse sonho!!!! Também sou de ti e espero conseguir emprego rápido quando tiver aí!!!
Eu já tenho uns 15 anos na área de Rede e servidores, estou migrando para desenvolvimento em .net, você acha pra quem ainda é desenvolvedor junior há boas chances de empregos bons no Canadá?
Existem boas chances sim, mas o inglês tem que estar afiado. E pra tentar driblar a falta de experiência, cria uma conta no github e posta seus projetos lá. Pode ser bom pra mostrar pros recrutadores que você sabe do que está falando.
Rafael, sou seu Xara e parabéns pela conquista.
Estou “namorando” a tempo o Canadá e agora eu e minha esposa estamos decididos a ir (com um filho de 6 anos).
Ela irá para estudar num college e eu pegarei o visto de trabalho associado a ela.
Sou programador também, já trabalhei com java e agora trabalho com C#.
Com qual tecnologia você trabalha? O mercado é bom mesmo então?
Abraço!
Sensacional esse relato de sua conquista!! Congratulations!! Parabéns, mesmo, de verdade!
Sou da área de contabilidade (há 10 anos). Eu minha esposa vamos dar início ao nosso plano Canadá para 2018 estarmos aí, se tudo der certo.
Grande abraço!